Análise, Resultados e Bônus – A Leitura do UFC 200: Tate vs. Nunes

  Na luta principal da noite, Amanda Nunes se tornou a primeira mulher brasileira a se tornar campeã do UFC, um marco histórico do país na história do esporte....
Anderson Silva comemorando após luta no UFC 200 (Foto: Reprodução)
Anderson Silva comemorando (Foto: Reprodução)

Anderson Silva comemorando (Foto: Reprodução)

 

Na luta principal da noite, Amanda Nunes se tornou a primeira mulher brasileira a se tornar campeã do UFC, um marco histórico do país na história do esporte. Desde que Ronda Rousey, a maior lutadora de todos os tempos, perdeu seu cinturão para Holly Holm, a melhor striker da divisão, o cinturão vem pulando de mãos em mãos. Holly não conseguiu defender e perdeu para Miesha, que não conseguiu defender e perdeu para Amanda. Cabe a brasileira a dificílima tarefa de repetir o feita da maior estrela da organização, que ainda não dá sinais de quando vai voltar.



Amanda, fast starter que é, partiu para cima assim que viu uma brecha, conectando bons golpes com um boxe alinhado e atordoando a até então campeã. Não demorou muito para Tate ir a knockdown e Amanda tomar o controle da luta no solo, onde pegou as costas e finalização a luta com um mata leão no primeiro round, conseguindo a maior vitória de sua carreira e se firmando como a campeã do Ultimate.

 

Na co-luta principal, Brock Lesnar voltou ao octógono após quase quinze anos parado e enfrentou o striker mais devastador dos pesos pesados, o super samoano Mark Hunt.

Lesnar, campeão de wrestling na Divisão I da NCCA em 2000 e runner-up em 1999, mostrou sua técnica logo cedo na luta, colocando o adversário para baixo e o dominando durante boa parte do primeiro round. Mark Hunt, ex-campeão do Grand Prix do K-1, levou a vantagem no segundo round e conseguiu manter a luta em pé, acertando mais golpes na trocação, controlando o centro do octógono e garantiu seu ponto nas papeletas dos juízes. O terceiro round valeu ouro para Brock Lesnar, que conseguiu quedar e atropelar o adversário, transitando no chão até conseguir a montada e brutalizando com seu ground and pound aterrorizante, marcando, na minha contagem, um belo 10-8. Ao final da luta, Lesnar venceu por decisão unânime e fez seus fãs delirarem na arena em Las Vegas.

 

Numa das lutas mais improvável dos últimos tempos, Anderson Silva resolveu substituir Jon Jones e enfrentar Daniel Cormier, atual campeão do UFC e, tecnicamente, o segundo melhor meio-pesado da história. Quem diria que viveríamos para ver isso.

O resultado mais provável aconteceu. Daniel Cormier usou seu wrestling de altíssimo nível e colocou Anderson Silva para baixo nos três rounds, passando para a meia guarda em todos eles e amassando o Spider no ground and pound. Anderson reagiu no fim da luta e acertou um ótimo chute no corpo de Cormier, que aparentemente sentiu o golpe, mas faltava poucos segundos para o final do combate e o brasileiro não pode fazer muito. Sabe-se lá o que poderia ter acontecido se houvesse mais um minuto de luta. O campeão venceu mais uma, sua terceira consecutiva, dessa vez, com larga margem nas pontuações dos juízes.

 

Meses após ser nocauteado pelo notório irlandês Conor McGregor, José Aldo voltou a ativa e enfrentou um dos melhores lutadores peso por peso do UFC, o ex-campeão peso leve Frankie Edgar, em luta valida pelo cinturão interino da categoria.

Frankie Edgar se movimentou muito bem durante toda luta, combinando golpes, entrando, batendo e saindo, tentando quedas, arriscando chutes baixos e colocando sua pressão tradicional, mostrando o grande lutador que é. José Aldo, por sua vez, foi bem mais contundente nos golpes, apesar de ter um número menor de golpes. Ele trabalhou bem os contragolpes e conseguiu anular parte do jogo do adversário durante parte da luta, o que lhe garantiu pontos preciosos. Ao final da luta, José Aldo venceu por decisão unânime (49-46, 49-46 e 48-47) e desafiou McGregor, que deve ser seu próximo adversário (se o mesmo voltar para os penas após a revanche com Nate Diaz). Eu marquei 48-47 Aldo.

 

Na primeira luta do card preliminar, fomos abençoados com a volta do melhor peso pesado da história do UFC. Cain Velasquez voltou ao octógono após quase um ano parado e enfrentou o perigoso Travis Browne.

Não deu outro, o Velasquez de três anos atrás parece ter voltado a vida e fez seu jogo clássico, colocando pressão, controlando o centro do cage, deixando o adversário de costas para grade, trabalhando combinações com as mãos e o dirty boxing, e usando as quedas e o ground and pound para complementar. Travis Browne foi duro para o que Velasquez apresentou e durou quase até o final do round, com o juiz parando a luta faltando três segundos para o gongo soar.

 

O card preliminar também foi incrível, se fosse um Fight Night completo, seria um dos melhores da história.

O ex-campeão meio-médio do UFC e homem que bateu o lendário Georges St-Pierre, mas que dois juízes malucos viram vitória do canadense, Johny Hendricks voltou após a derrota para Stephen Thompson, porém, continuou a decair, já que Kelvin Gastelum teve a melhor performance de sua vida e conseguiu vencer todos (ou pelo menos dois) rounds para levar a vitória para cada.  

Julianna Peña continua a chocar o mundo e, dessa vez, bateu a duríssima Cat Zingano, mulher que já derrotou as duas lutadoras que disputaram o cinturão hoje. Apesar de Cat ter começado bem e vencer o primeiro round, Julianna voltou bem no segundo r terceiro round e conseguiu a virada e a vitória mais importante de sua vida.

O ex-campeão peso galo do UFC, TJ Dillashaw também veio para se recuperar de derrota, a sua foi para Dominick Cruz, o melhor peso galo da história, numa luta bem parelha. Ele enfrentou Raphael Assunção, que tinha o vencido anos atrás num resultado bem controverso. Dillashaw foi magistral, como vem sendo em suas últimas lutas, mostrou seu footwork lindo de se ver e dominou o brasileiro durante os três rounds.

Super Sage Northcutt também se recuperou de derrota. O prospecto enfrentou o finalista do TUF Enrique Marín, numa luta dura e apertada. Northcutt venceu o primeiro round, Marin conlocou o grappling em pratica e venceu o segundo, quase finalizando o carateca, e no terceiro, Sage venceu por pouco, conseguindo um 29-28 para voltar ao caminho das vitórias. Aliás, pra quem criticou a desistência rápida de Northcutt contra Barbarena, que tal essa coragem de quase ter o braço quebrado para sobreviver a uma finalização e virar uma luta!?

Nas três primeiras lutas da noite, transmitidas pelo Fight Pass mundo afora, foram três nocautes espetaculares no primeiro round. Jim Miller deu cabo de Takanori Gomi, lendário peso leve e ex-campeão do Pride, no ground and pound com menos de três minutos de luta. Gegard Mousasi mostrou sua técnica e vasta experiência para atropelar o brasileiro Thiago Marreta. E Joe Lauzon surpreendeu e nocauteou Diego Sanchez em pé, mostrando uma bela trocação e potencial evolução em seu jogo.

 

Que evento, meus amigos, que evento. Que venha o UFC 300 (é meio cedo pra falar isso, né?)

 

Confira todos os resultados do evento

Card Principal

Amanda Nunes venceu Miesha Tate por finalização aos 3m16s do R1

Brock Lesnar venceu Mark Hunt por decisão unânime (triplo 29-27)

Daniel Cormier venceu Anderson Silva por decisão unânime (triplo 30-26)

José Aldo venceu Frankie Edgar por decisão unânime (49-46, 49-46, 48-47)

Cain Velásquez venceu Travis Browne por nocaute técnico aos 4m57s do R1

Card Preliminar

Julianna Peña venceu Cat Zingano por decisão unânime (triplo 29-28)

Kelvin Gastelum venceu Johny Hendricks por decisão unânime (29-28, 30-27, 30-27)

TJ Dillashaw venceu Raphael Assunção por decisão unânime (triplo 30-27)

Sage Northcutt venceu Enrique Marin por decisão unânime (triplo 29-28)

Joe Lauzon venceu Diego Sanchez por nocaute técnico a 1m26s do R1

Gegard Mousasi venceu Thiago Marreta por nocaute aos 4m32s do R1

Jim Miller venceu Takanori Gomi por nocaute técnico aos 2m18s do R1

 

Todos os bônus foram de performance da noite, quatro no total, e ficaram com Amanda Nunes, Cain Velasquez, Joe Lauzon e Gegard Mousasi.

 

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Jornalista freelancer. Matérias publicadas em Nocaute na Rede, Correio Paulista, Medium, Shion Magazine, NetFighter e Pitaco Esportivo. contato: [email protected]
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